“Dançar é vivenciar, exprimir, com o máximo de intensidade, a relação do homem com a natureza, com a sociedade, com o futuro e com seus deuses. Dançar é, antes de tudo, estabelecer uma relação ativa entre o homem e a natureza, é participar do movimento cósmico e do domínio sobre ele.”(Roger Garaudy)
A equação energia-som-ser humano, apresenta uma ligação. Quando o corpo está sendo trabalhado, através de movimentos para a liberação do fluxo energético, este corpo vibra e faz com esta energia liberada circule por todo o corpo de forma leve e suave. O som vem completar este trabalho através de suas ondas sonoras que são recebidas por nosso corpo. Essas informações são processadas a nível cerebral e enviadas para o corpo inteiro que responde prontamente.
Quando um corpo vibrante emite som, há energia posta em movimento. Ele emite energia. Os corpos e os instrumentos de música constituem emissores de energia mecânica. Quando um grupo improvisa musicalmente, a energia gerada circula entre os seus membros. Esse fenômeno, pode ser percebido logo após uma apresentação de concertos, não há necessidade de treino para se “sentir” as vibrações que ainda perduram no ambiente ou a energia que envolveu os participantes. Se através de um veículo facilitador, um objeto intermediário musical, um aluno desencadeia uma determinada forma de energia, esta existe dentro dele e tenderemos a ajudar a encontra-la.
Cada som ou vibração energética tende a atuar sobre determinada área do corpo, liberando emoções, movimento e a expressão, fazendo com que se abra uma fenda numa armadura, podendo dissolver bloqueios corporais e facilitar o fluxo de energia. Essa armadura, também conhecida como “couraças” fazem com que a energia emanada de determinada zona corporal fique bloqueada, impedindo a passagem do fluxo energético, para outras regiões do corpo. As couraças são de fundo psicológico e de repressão da própria sociedade ou da educação da pessoa.
Cada som ou vibração possui uma altura ou frequência determinada. Para se produzir esse desbloqueio, a partir do som, é necessário que a emissão se realize numa intensidade elevada, permitindo assim o total desenvolvimento da onda sonora no ar e a sua posterior ressonância corporal.
O corpo humano é um organismo que possui um sistema de circulação ou fluxo energético comparável ao sistema circulatório sanguíneo. Os conflitos não resolvidos impedem e pressionam a livre circulação em certas zonas corporais e em determinadas situações geradoras de ansiedade. Essa energia não age com todo o esplendor que corresponde a sua verdadeira natureza.
A música, a expressão corporal, a dança, também é um caminho de libertação. Uma nova linguagem expressiva em busca de um “eu” mais profundo. Quando temos essa combinação podemos fazer com que nosso fluxo energético seja liberado. Numa aula de dança do ventre sempre há energia em circulação, pois circulam sons e movimentos. São com os movimentos vibratórios dos quadris, os shimmies que despertamos nossa energia primitiva, que recebeu muitos nomes em diversas culturas.
Nos movimentos ondulatórios temos a circulação da energia de forma leve e suave, envolvendo todo o nosso corpo, despertando e levando a fluidez da energia como uma corrente circulatória. A emoção fica por conta da música ou do som que você escolher. Assim como os músicos que improvisam, nós também podemos lidar com o improviso, a partir do desenvolvimento de nossa fluência energética, que pode ser fluída ou controlada, vamos regendo com o nosso corpo as ondas sonoras produzidas pela música. É como se a música estivesse sendo executada em partes do nosso corpo.
A música nos oferece essas opções de irmos de um movimento suave e leve a um movimento forte e decidido. Aproveite as variações que a música árabe oferece, os diferentes ritmos e instrumentos que fazem o nosso corpo vibrar por inteiro e fazer nossa energia circular e ser liberada da melhor forma possível. Espero que este estudo ajude você com suas escolhas musicais, sempre escolhendo aquela que faz seu corpo vibrar e que desperte em você suas energias para você se contagiar, se preencher e transbordar do seu “eu”.
Luciana Rovaroto da Silva
Lucy Bent Cairo (nome artístico)
Professora de Educação Física e Pós Graduada em Personal Training
Estudiosa de dança do ventre e da cultura árabe
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